segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Grandes Desfechos de Livros 3 (de 5)

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Na primeira semana dos Grandes Desfechos de Livros, vimos uma final que concluía, que recapitulava a narrativa e então a levava a um fecho. Na segunda semana, vimos um final que desaguava no começo, um final que se recusa a sê-lo, o final irremediavelmente ligado ao princípio. Agora, na terceira semana, o final que aparece na lista é de um outro gênero: é um final que responde.

Sem dúvida, ele tem algumas semelhanças estruturais com o final de O Barão nas Árvores, visto que também faz uma espécie de recapitulação. Entretanto, o que temos no final de Grande Sertão: Veredas, este que é o Grande Romance Brasileiro, inegavelmente a obra que mais longe foi em suas pretensões (cumpriu todas, é bom dizer) e abrangência, são palavras gigantescas, que a despeito do tamanho físico contém significados abrangentes, adquiridos durante a narrativa, e que põe um fecho, ainda que já anunciado, nas divagações e dúvidas de Riobaldo, o narrador-herói que vendeu (ou não) a alma para o Diabo, o Fausto jagunço apaixonado pela dualidade personificada no ser amado, Diadorim.

Nessas últimas palavras, Riobaldo afirma suas crenças e conclusões, dando por fim espaço ao símbolo do infinito, ao infinito da travessia que é a troca entre dois opostos, entre dois mundo. A linguagem mágica de Rosa, os significados profundos que ele sonda e o sentido poético que ele dá ao livro fazem do final de Grande Sertão: Veredas um dos mais emblemáticos de toda a literatura mundial, assim como é emblemática essa obra-prima que merece o reconhecimento.
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Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa.

“Cerro. O senhor vê. Contei tudo. Agora estou aqui, quase barranqueiro. Para a velhice vou, com ordem e trabalho. Sei de mim? Cumpro. O Rio de São Francisco – que de tão grande se comparece – parece é um pau grosso, em pé, enorme... Amável o senhor me ouviu, minha idéia confirmou: que o Diabo não existe. Pois não? O senhor é um homem soberano, circunspecto. Amigos somos. Nonada. O diabo não há! É o que eu digo, se for... Existe é homem humano. Travessia.”

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Um comentário:

Sib disse...

EUREKA.
aguarde-me, amiguinho! :D tenho uma surpresa para você.