domingo, 3 de agosto de 2008

Pílulas Cinematográficas, Edição 4: Especial Hitchock

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Até há pouco tempo, só havia visto, para meu desgosto, um único filme do mestre Alfred Hitchcock: Os Pássaros. Ficava envergonhado de ser um cinéfilo e não ter assistido a nenhuma outra obra-prima do mestre. Felizmente, o “acaso” permitiu que eu visse outros quatro filmes do grande Hitch. Em comemoração a isso, faço essa edição especial das Pílulas Cinematográficas, totalmente dedicadas aos filmes de Alfred. Já foram 5! Agora, faltam só uns cinqüenta...
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Psicose (Psycho, 1960): Obra-prima definitiva do suspense, esse é provavelmente o filme mais conhecido de Hitchcock, imortalizado principalmente devido à famosa cena do assassinato do chuveiro, um milagre de técnica e tensão primorosamente filmado durante uma semana, 70 ângulos de câmera e muito sangue. A história é muito simples: uma secretária é tentada por alguns milhares de dólares que caem em sua mão (seu MacGuffin) e foge da cidade, acabando por parar em um motel de beira de estrada quase abandonado. Ali, é assassinada no banho, o que gera uma investigação que acabará por revelar algumas coisas bem assombrosas. Embora o final seja um pouco estranho, até totalmente diferente do resto da película, Psicose é uma obra-prima do suspense, coisa bem comum, por sinal, na filmografia do mestre do gênero.
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Um Corpo Que Cai (Vertigo, 1958): Assim como Psicose, este filme mostra a vocação de alguns filmes de Hitchcock para parecerem um episódio dos Simpsons na estrutura: do começo até o meio, o filme é um. A partir daí, ele muda completamente. Entretanto, isso acaba servindo para Hitchcock mostrar sua versatilidade e seu domínio da linguagem, contando uma história ao mesmo tempo totalmente coerente e totalmente diversificada. Aqui, a investigação de um ex-policial (James Stewart) que sofre de acrofobia sobre a mulher de um antigo conhecido leva a um redemoinho de acontecimentos, dúvidas e emoções que gera uma verdadeira vertigem. O filme, considerado um dos melhores de todos os tempos, e verdadeiramente “mais uma” obra-prima do mestre, faz uma reflexão sobre a imagem, e conta ainda com uma extraordinária Kim Novak interpretando brilhantemente três papéis diferentes.
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Festim Diabólico (Rope, 1948): Um dos filmes que Hitchcock propôs a si mesmo como desafios, Festim Diabólico é filmado como se fosse um único plano-seqüência, ou seja, sem cortes. Na época, os rolos de filme só tinham espaço para oito minutos de filmagem. Assim, quando era necessário “cortar”, Hitchcock passava a câmera por algum elemento do cenário (de um baú até os paletós dos personagens) que fosse negro, criando assim a ilusão de que não houvera cortes. O filme é, portanto, diferente de Arca Russa, em que a tecnologia permitiu que, de fato, duas horas de filmes fossem filmadas como um único plano-sequência, mas é igualmente impressionante. Na história, dois amigos assassinam um terceiro, por se crerem seres superiores. Depois, dão uma pequena festa familiar, com o pai e a tia do morto, a noiva dele, um outro amigo, a empregada e um antigo professor. O enredo é baseado em uma história real e, embora a atuação dos atores (mesmo a de James Stewart, que interpreta o professor) não seja muito boa, a tensão criada nesse filme é quase insuportável. A presença do corpo dentro de um baú, misturada à movimentação dos convidados pela sala, faz o coração vir à boca, e chegamos mesmo a torcer para que ninguém descubra o corpo, por mais odiosos que os assassinos sejam. Festim Diabólico é uma extraordinária mostra de como manipular as emoções de uma platéia, coisa que Hitchcock fazia melhor do que ninguém.
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Frenesi (Frenzy, 1972): Penúltimo filme de Hitchcock, não chega a ser uma obra-prima, algo que se destaque, mas mantém todas as boas qualidades do mestre. É um suspense com uma história envolvente, que nos deixa atentos até o final. Uma característica peculiar desse filme é o fato de mostrar cenas de um teor erótico mais acentuado, diferente do que é comum na filmografia de Hitchcock. Algumas cenas de nudez e até mesmo uma cena de estupro estão presentes no filme, o que o diferencia um bocado do geralmente conservador em relação ao sexo diretor.

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