quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Paris, Texas

O deserto padece, a poeira estagna, a águia sobrevoa as planícies áridas e, por fim, crava seus olhos em uma figura destoante: um homem, de barba grande, boné, e com um galão de água nas mãos. Ele caminha, sozinho, pelo deserto. Encontra um posto e, lá dentro, buscando por gelo para atenuar sua ardência, desmaia. Somos então apresentados a seu irmão, que se vê forçado a ir atrás dele. Pouco depois, descobrimos que o solitário errante é Travis, desaparecido há mais de quatro anos. Seu irmão, Walt, e a mulher, Anne, moram em Los Angeles, e criam o filho de oito anos de Travis – chamado Hunter – e de sua mulher, também desaparecida, Jane.

O longa é belíssimo. Sua fotografia é estonteante, de cortar o fôlego, e a música, composta por Ry Cooder, casa perfeitamente com o clima do filme. Até ajuda a construí-lo. Mas não só por isso. O diretor Wim Wenders, vivendo sua fase americana, nos entrega aqui um de seus melhores filmes. A beleza da história só aumenta à medida que o tempo corre.

No início um pouco arisco com o pai ausente, quase desconhecido, logo Hunter se aproxima de uma forma extrema de Travis. Amigos, os dois decidem ir atrás da mãe desaparecida, para se juntar a ela. Mas no fundo, Travis tem outros planos.

A cena em que ele se revela para Jane, e os dois se fundem pelo vidro que os separa, é de cortar o coração. Mesmo que as pessoas se esforcem em se unir, e a própria vida ajude, esta também conspira contra elas, usando os próprios defeitos deles como arma. No fim, resta-nos fazer uma escolha. Como sempre, o poder está em nossas mãos, mesmo nas menores coisas. As conseqüências, o futuro, não importam, só importa a ação. Só importa o sacrifício. Paris, Texas”, é uma maravilhosa parábola sobre o significado do amor humano.

2 comentários:

Francisco disse...

Um dos filmes que talvez eu alugaria apenas pelo título, chamativo, gostei.
Tuma indica, francisco comenta, quando tem o que comentar.

Anônimo disse...

Deu mais vontade ainda de assistir agora. ;_;