quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Um Conto de Duas Pessoas (VII)

E eis que as coisas andam! Pequena guinada nos rumos da estória. um pouco folhetinesca hum?

Não se esqueçam... aqui e .

________________________

Falando com o Sol, despedindocindo-se. Vetor descendente – decadente – buracabaixo em retilínea entre dois pontos: o exterior sufocante e o subterrâneo libertador. O buraco é como ó. Como zero. Lábios se dilatando em sinal de espanto. Espanto: um muro, concreto o suficiente. Um muxoxo baixo, de fastio, da indiferença às atribuladas peripécias. Primeiro toc.

Imensidão branca. Neve caindo (caindo caindo). Todo o redor: branco. Um pequeno círculo de pedras impressas no chão. Dois sobre ele. Eles não estavam ali, e de repente sim. Não, sim. Caindo (caindo caindo) eles chegaram, mas não se viu a queda. Vultos, foram puxados, presos à terra. Em todo o redor, branquidão. A neve caindo (caindo caindo), e eles ali. Toc.

O Anfitrião se debruçava sobre seu corpo mole, sorrindo serenamente. Sangue quente escorria de sua testa, testa esta presa na outra testa, esta do muro, concreto. Como borracha, sua bochecha direita se colava aos tijolos concretos colados bem firmes, bem juntos, para o muro, concreto. Seu braço, largado como um lagarto secando ao sol, começou a se mover lentamente, fazendo contrapeso para que todo o corpo virasse. Lentamente, a branquidão se abriu, e revelou-lhe uma ruela pavimentada, emoldurada por casas baixas. Vazia, transpirava silêncio, e a respiração do homem de cartola embalava a tarde. Homem de cartola? Sim, eu me lembro. Anfitrião, como uma forca, de pé na rua, olhando para mim com seu sorriso infinito.

“Ora, o que é, meu amigo?
Levanta-te e venha comigo
Faça logo o que te digo.”

Meu-amigo tentou apoiar o braço em algo sólido para se erguer, mas não encontrava nada, seus olhos haviam voltado à branquidão. Súbito, tocou alguma espécie de objeto, cilíndrico, comprido, firme, e se sentiu revigorado. Levantou-se então e novamente a branquidão se abriu para revelar a ruela. No fim dela, logo às costas do Anfitrião, que se erguera, uma casa grande e cinzenta. À sua volta, uma cerca de arame e caveiras de placas AMARELAS denotavam PERIGO. Meu-amigo seguiu o Anfitrião, que se dirigia até a casa a passos largos. Quando alcançaram a cerca, o Anfitrião rodou em seus calcanhares e entoou, alegre:

“A Ponte de Londres está caindo caindo caindo
Pois não mon ami, te estou seduzindo, mas
Olhai e vede, que lugar lindo
A que contemplas, seja bem vindo.”

Um comentário:

Sib disse...

http://sibillaliantasse.blogspot.com/search/label/Um%20Conto%20de%20Duas%20Pessoas
e vam'bora! :D