Que eu não me perca, quando chegada a hora, no reino de sombras escuro da morte. Sei, pois fui alertado, que por vales de breu eu hei de caminhar, sem que se me apresente outro caminho. Essa estrada será estreita. E para sempre acima, quando erguer o olhar, verei muralhas de rocha antiga, esculpidas pelo tempo e pelos passos daqueles um dia já vivos.
Mas por que tenho eu de viver esses espectros à luz do dia? Por que mergulhar nessa fantasmagoria, eco de um futuro ainda longínquo? Por que me submeter? Essas imagens esquálidas vêm e abraçam meu rosto, afundando então na terra e arrastando-me cada vez mais para baixo.
Tristes fins. As ruínas se arruínam. Suaves esqueletos de açúcar derretido cedem e seu peso faz expirar as camadas de confeito que padecem abaixo. Com um suspiro, se perdem em águas mornas e modorrentas os mais elaborados doces de mentes engenhosas.
Fracasso! Não há outra palavra. A despeito de todas as tentativas, de todos os castelos no ar, de todas as noites de paroxismos flamejantes, de tudo, fracasso! Quando volto os olhos para o que tenho disso, os olhos se revoltam, e revolvem, indesejosos de fitar o vazio.
Palavras de mecanismo solitário reverberam em pavilhões de ouvidos, crendo ressuscitar lembranças. Recomeçar, recomeçar, recomeçar. Recomeçar de novo! Recomeçar sempre! Sempre se posterga, nunca se alcança. Nunca a alegria, nunca o rejúbilo, nunca a vitória, nunca a completude. Mas sim, para frente e sempre, o desejo insatisfeito, até o mais amargo fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário