domingo, 23 de março de 2008

Hair

A guerra do Vietnã já foi tema de muitos filmes. Às vezes aparece como o grande mote, outras como cenário. Filmes como “Apocalypse Now”, “Platoon” e “Nascido Para Matar” a usaram como referência para falar da guerra como um todo. Outros, como “Across the Universe” e este “Hair”, receberam-na de herança por um motivo muito simples: ela faz parte do pacotão “anos 60”, e é essencial para entender a Revolução Cultural daquela década. Este filme de Milos Forman, um dos grandes musicais de todos os tempos, unindo o Vietnã e a cultura “flower power”, faz um libelo contra a guerra, e ainda tem um monte de gente cantando e dançando!

O tratamento que ele dá aos anos 60 não é especialmente crítico, tendo como maior pretensão mostrar os ideais da época, ou como é dito em uma das músicas: “Beads, flowers, freedom, happiness”, tudo isso claro regado a toneladas de drogas, especialmente as alucinógenas. Mas há sim momentos em que se mostra as conseqüências do modo de agir dos “true hippies” do filme.

As músicas e os números musicais estão ótimos, traduzem muito do discurso do filme (e de vários personagens) de uma maneira precisa. E Forman é um diretor primoroso (ganhou duas vezes o Oscar), e dá ao musical uma consistência fascinante. Dos atores também não há o que reclamar, estão muito à vontade nos papéis, mesmo o filme sendo de 1979, praticamente vinte anos após os eventos narrados na história.

E a questão da guerra, embora só apareça mais tardiamente no filme, é mostrada de uma forma surpreendente. Difícil não prender a respiração em uma das últimas cenas, e soltar um suspiro de pena ao conhecer seu desfecho. Sim, “Hair” cumpre perfeitamente bem seu papel de mostrar como a guerra afeta os seres humanos que ficam “em casa”, enquanto seus pais, filhos, irmãos, namorados, maridos vão à guerra. A cena do cemitério é a mais impactante nesse sentido. Apesar disso, “Hair” é extremamente otimista. A alegria, a liberdade, a união, a compaixão, são valores fundamentais do ser humano. Exercitá-los é o caminho. Let the sunshine in, folks!

Um comentário:

Anônimo disse...

Sendo o filme de 1979, não se passa vinte anos após os acontecimentos ocorridos... pelos meu cálculos, apenas 10..

excelente texto, parabens...
a ultima cena realmente.. é indescritivel.