segunda-feira, 24 de março de 2008

Tommy

Difícil ser mais surreal que “Tommy”. Vejamos: aqui há uma igreja. Nela, onde Marilyn Monroe é Deus e Eric Clapton o sacerdote, Roger Daltrey (ou Tommy Walker) é o Messias, anfetaminas e Red Label, seu corpo e sangue, e o pinball, seu instrumento de salvação (além de a atividade mais lucrativa do mundo). Pois é, não fez muito sentido não é? Na verdade é tão bizarro que “dá até uma coisa ruim” assistindo. Mas isso não importa. Cheio de metáforas e símbolos visuais, o filme é, na falta de um adjetivo que se encaixe, digno de ser visto.

As participações especiais são inúmeras. Além do Clapton supracitado, tem uma Tina Turner vibrante, Elton John com botas gigantes (mesmo!) e até mesmo Jack Nicholson! Mas quem brilha de fato são a mãe de Tommy e seu amante. Oliver Reed cria um personagem fascinante, apesar da ausência total de caráter, e a atriz Ann-Margret é maravilhosa. A cena do banho de espuma, feijão enlatado e chocolate é espantosa, mas ambos brilham no filme todo. Keith Moon também se destaca, fazendo o que sabe melhor: ser louco. E Daltrey é bom em alguns momentos, mas talvez tenha esquecido que só deveria ser inexpressivo no início. Ainda assim, talvez muito dessa carga se deva ao seu personagem.

O filme é inspirado na ópera-rock do The Who, pioneiríssima, sobre um garoto (Tommy), que ao ver o pai e a mãe assassinarem o amante desta (no filme o amante e a mãe que matam o pai), é convencido por eles de que não viu nada, nem ouviu nada, e tampouco contará algo para alguém, tornando-se assim surdo, mudo e cego. O filme é extremamente dramático nesse aspecto, mostrando várias situações em que Tommy sofre por sua situação. Faltou só um pouco do ponto de vista do próprio personagem, para passar o sufoco e o desespero de estar completamente apartado do mundo.

Ainda assim, o diretor Ken Russel foi extremamente corajoso. O filme não tem um diálogo falado sequer. Tudo que acontece fora do escopo de narração das músicas é mostrado só pelos gestos dos personagens e pela situação em si. A cena em que Tommy recupera (literalmente) os sentidos é perfeita (e Roger Daltrey correndo acrescenta mais um pouco de bizarrice ao filme). No fim, temos uma estranha sensação de déjà vu, provocada pelo ciclo que o filme traça, revelando talvez seu propósito, e nos fazendo perguntar se Tommy encontrará alguém ao descer da montanha.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alguns dias sem entrar no seu blog e parece q eu perdi mta coisa xD ! O blog tah com cara nova e eu gostei! eu tnhu vergonha d assumir q ainda nao assisti grease! mas um dia eu assisto! me interessei por Tommy tbm! preciso assistir todos esses filmes!!!
tnhu q i, minha mae tah saindo com o carro...bjaooo
dpois eu passo d novooo

Anônimo disse...

Os melhores do filme são o uncle Ernie e a Tina Turner XD