"At this moment he was unfortunately called out by a person on business from Porlock [...]"
- S. T. Coleridge
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Esse, que me envolve paciente e projeta em mim os mais exaltados sentimentos. Tristezas sem fim ou alegrias imensuráveis. Um amor eterno, infinito em sua dor. Uma idéia inigualável, oprimida. O entendimento, que arrebenta a carne num grito sem som. Para depois jogar terra sobre eles, enterrá-los no mais profundo, deixando-me de mãos nuas a escavar a terra. Que elas se tornem sujas e sangrentas, não se alcança nunca o fundo.
Essa pessoa que abre a porta no momento da descoberta. Aquela que ri no langor profundo e, com semblante fechado, desfaz o sorriso. Que se agarra à minha cintura, e me puxa cada vez mais para baixo. Que grita de horror eternamente em meus sonhos, imagem fixa em tempo corrente.
Quem é essa pessoa, esse ser oculto, que caminha na névoa sem pressa? Que quando se está perto do mais brilhante tesouro das profundezas, faz emergir para a noite opaca. Essa que deixa os olhos cravados na areia e se esquece de olhar o mar. Que prefere contar os passos às estrelas.
Quem é essa pessoa de Porlock, fantasma de todos os sonhadores? Essa garra que se prende à mão dançante, e rasura seu compasso. Quem é esse espectro do mundo vivo, que faz derreter as páginas e esfarelar as letras e leva com seu sopro as cinzas? Quem é Ele?, O Que Assopra, e com seu vento apaga a única centelha que poderia fazer brilhar minha escuridão.
2 comentários:
è la vita, caro.
que medo, Tuma :P
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