quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Akira

Assistir a filmes de outros países é interessante, pois com eles podemos conhecer melhor a personalidade e a cultura de seus habitantes. Não que eles precisem falar sobre o país deles, ou filmar no país deles. Somente a maneira das coisas serem feitas já nos ensina sobre as semelhanças e diferenças entre as culturas. Com Akira (Katsuhiro Otomo, 1988) aprendemos, por exemplo, que dificilmente filmes de ficção científica em futuros não-tão-bons-assim abandonarão o paradigma visual Blade Runner. Aprendemos também que nenhuma dublagem deve ser idêntica ao original, afinal, cada língua tem sua entonação e maneira própria de falar.

Aprendemos, finalmente, que a animação em duas dimensões não precisa ser limitada a facilidades de desenho. Isso, aliás, é um lugar-comum dos grandes animadores japoneses. Os longas do Studio Ghibli, de Hayao Miyazaki, por exemplo, apesar de seu estilo mais fantasioso, menos realista, são extremamente complexos e detalhados, tanto visualmente quanto em questão de roteiro. São dele filmes como A Viagem de Chihiro, Meu Amigo Totoro, Nausicäa do Vale do Vento e Princesa Mononoke.

Akira não deixa nada a dever a esses filmes, mas aqui a comparação só cabe para efeitos de animação. O enredo e teor do filme são completamente diversos. Baseado no mangá homônimo, também de autoria de Otomo, Akira bebe na fonte cyberpunk que inspirou desde o Blade Runner supracitado até Matrix. Não me alongando demais nesse pormenor, o cyberpunk – que tem entre seus principais expoentes William Gibson e Philip K. Dick - é a ficção-científica distópica, com um futuro sombrio e violento, tendo por lema "High tech, Low life", ou seja: alta tecnologia à serviço de um baixíssimo nível/qualidade de vida, muitas vezes causado por superpopulação, guerra ou algo do tipo. O governo corrupto/tirânico divide o espaço com uma sociedade completamente anárquica e rebelde, e o uso de drogas é sempre exacerbado.

Assim é fácil enxergar o conteúdo geral de Akira: muita violência, e um visual facilmente reconhecível, com prédios enormes, luzes, néon, e muito couro. Mas, ao contrário do que eu imaginava, Akira não é uma história fatalista. Kaneda é o líder de uma gangue de motoqueiros, que protege sempre seu melhor amigo, Tetsuo. Este, após um acidente de moto envolvendo um experimento do governo, é levado para um hospital/centro de pesquisa do exército, onde descobrem seus dotes psíquicos. Sendo esmagado entre os delírios causados por suas habilidades, o isolamento de tudo que ele conhecia e a falta de auto-estima de sempre ser salvo, protegido por Kaneda, ele cede, e liberta de uma vez a fúria de seus poderes.

Entretanto, ao contrário do que eu imaginava, o fim não foi a purificação – da cidade, do povo, dele mesmo – por meio da aniquilação. Podemos apreender daqui mais uma característica da cultura japonesa. Ou, menos pretensiosamente, de seus filmes. Lá, apesar dos conflitos violentos entre amigos-irmãos (constantes), e das apoteóticas destruições, há sempre espaço para um final feliz, com uma construtiva mensagem espiritual e moral no fim.

5 comentários:

Anônimo disse...

Totalmente demais o filme. A trilha sonora violenta e profunda tbm é genial. O vermelho da moto e a pilula atras da camisa do kaneda não foram colocados por acaso tbm. Uma obra prima do mesmo nível de Metrópolis e Ghost in the Shell.

Anônimo disse...

KANEDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Anônimo disse...

TETSUOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

Anônimo disse...

KANEDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Jeh/JK disse...

Adoro filmes desse tipo!! XD, mas confesso que antigamente tinha bastante "preconceito" contra filmes não-hollywoodianos, mas agora não tenho mais XD
Ou seja, mais um filme pra minha lista "Tuma-recomenda" hhAUAHuHUAHUHAhUAH xP

x**