quarta-feira, 5 de março de 2008

Juno

“Juno” é um desses filmes pelos quais você simplesmente se apaixona. Aliás, acho que essa é uma característica marcante das comédias-dramáticas indies (como “Pequena Miss Sunshine”): serem adoráveis, bonitos e engraçadíssimos. “Juno”, entretanto, não é só mais um filme indie. Ele é cinema com C maiúsculo. Maduro, inteligente e apaixonante, é de fato um dos grandes filmes da temporada.

Seu plot não poderia ser mais tradicional: adolescente que engravida. Mas o tratamento que ele dá a questão está a anos luz de muito do que se vê por aí relacionado ao tema. É um filme tocante, que não faz julgamentos, nem santifica ninguém. São simplesmente pessoas com defeitos, problemas, e quando um problema desses surge na vida delas, elas lidam com isso.

Aqui, nenhum pai vai expulsar a filha de casa ou chamá-la de vagabunda. Ele vai lamentar, claro, mas também irá ajudá-la a superar o problema. Quando ela pensar em aborto, não será julgada, nem desistirá por causa de imagens grotescas ou algum discurso raivoso. Pode-se questionar a clarividência da personagem principal em certos instantes, ou a maneira como a maioria das pessoas fala no filme, mas isso é um argumento fraco e insignificante. Reduzir a humanidade a meia dúzia de estereótipos é que é errado.

A trilha sonora é outra das características indies do filme. Composta majoritariamente por Kimya Dawson, vocalista do Moldy Peaches, a trilha conta ainda com músicas que variam entre The Kinks e Buddy Holly até Belle & Sebastian e mesmo Velvet Underground entra na parada, para nosso deleite. Alegrinha e bonitinha, que junto à animaçãozinha do começo constitui um pilar indie. Mas, como já dito, o filme é muito mais amplo que isso.


“Juno” entra nos anais como outra obra sobre maturidade. Nesse filme, Junebug MacGuff ultrapassa, junto com seu companheiro Paulie Bleeker, a “linha de sombra”, e chegam ao fim de uma história em que não há vencedores ou perdedores, heróis ou vilões. Somente pessoas tangíveis, possíveis, reconhecíveis, e todas as suas derrotas e vitórias do dia-a-dia, que fazem delas verdadeiros heróis modernos, como todos nós.

P.S.: É uma espécie de fragmento de verdade particular: I don't see what anyone can see, in anyone else... but you

3 comentários:

Anônimo disse...

Juno eh realmente muitoo bom... e realment, livre de estereotipos, eh leve e gostoso d assistir... eh simplesmente....num sei nm o q dizer, o filme eh bem natural e sabe envolver de forma delicada.

Anônimo disse...

Realmente é muito mais que um filme indie com músicas indie! \o\
Filmes assim, mais naturais e sem julgamento estão em falta, até pq não dá bilheteria u_u
E Juno provou que isso não tem nada a ver. =D

Tuma disse...

Isso! Até porque Juno tá fazendo um puta sucesso e a trilha sonora vendeu a dar com pau xD