terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um Dia de Cão

Hollywood é o paraíso dos gêneros. É bem claro que países onde o cinema depende muito do esforço pessoal de um diretor ou produtor não tem uma tradição de gêneros forte, mas antes filmes bem mais pessoais de artistas esforçados. Nos EUA, entretanto, fica a maior indústria de cinema do mundo, e portanto é natural que lá seja o lar de muitos dos gêneros mais ilustres da sétima arte.

O filme de assalto é um desses gêneros: às vezes violentos, às vezes engraçados, às vezes cheios de surpresas, os filmes de assalto são um filão extremamente fértil. Difícil dizer onde começou a tradição, mas é possível apontar os clássicos. E um desses clássicos é justamente Um Dia de Cão, do diretor Sidney Lumet.

Certo, chamar Um Dia de Cão de filme de assalto é classificá-lo um pouco arbitrariamente, mas ele se passa inteiro dentro de um banco sendo assaltado, então isso já basta para incluí-lo no gênero: o que vier a mais é um acréscimo criativo. E de que se tratam esses acréscimos? Bem, em primeiro lugar o filme é baseado em um evento ocorrido em 22 de Agosto de 1972. Isso dá a ele um tom naturalista, quase documental.

Além disso, o diretor também imprime nesse filme um alto teor dramático, cômico e político, o que acaba por transformá-lo num famigerado “retrato de uma época”. Sonny (Al Pacino), o líder do assalto, está lá para conseguir dinheiro para a operação de mudança de sexo de seu namorado, Leon (Chris Sarandon). Seu cúmplice, Sal (John Cazale), é um ex-presidiário meio obsessivo e com cara de perigoso. Há também o policial histriônico que inicia as negociações com Sonny, e o agente do FBI que as leva a um termo. E, acompanhando isso tudo, a multidão do início da década de 70, enganada por Nixon e vivendo com medo do Vietnã, que apóia incondicionalmente os assaltantes e seus atos.

Unindo com maestria esses elementos, Lumet fez não só o “retrato de uma época”, um filme de assalto ou um drama com toques cômicos e políticos, mas tudo isso junto, uma pequena obra-prima que deu a Al Pacino um de seus melhores papéis e é um dos filmes mais representativos dos anos 70.
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