
O filme de assalto é um desses gêneros: às vezes violentos, às vezes engraçados, às vezes cheios de surpresas, os filmes de assalto são um filão extremamente fértil. Difícil dizer onde começou a tradição, mas é possível apontar os clássicos. E um desses clássicos é justamente Um Dia de Cão, do diretor Sidney Lumet.
Certo, chamar Um Dia de Cão de filme de assalto é classificá-lo um pouco arbitrariamente, mas ele se passa inteiro dentro de um banco sendo assaltado, então isso já basta para incluí-lo no gênero: o que vier a mais é um acréscimo criativo. E de que se tratam esses acréscimos? Bem, em primeiro lugar o filme é baseado em um evento ocorrido em 22 de Agosto de 1972. Isso dá a ele um tom naturalista, quase documental.
Além disso, o diretor também imprime nesse filme um alto teor dramático, cômico e político, o que acaba por transformá-lo num famigerado “retrato de uma época”. Sonny (Al Pacino), o líder do assalto, está lá para conseguir dinheiro para a operação de mudança de sexo de seu namorado, Leon (Chris Sarandon). Seu cúmplice, Sal (John Cazale), é um ex-presidiário meio obsessivo e com cara de perigoso. Há também o policial histriônico que inicia as negociações com Sonny, e o agente do FBI que as leva a um termo. E, acompanhando isso tudo, a multidão do início da década de 70, enganada por Nixon e vivendo com medo do Vietnã, que apóia incondicionalmente os assaltantes e seus atos.
Unindo com maestria esses elementos, Lumet fez não só o “retrato de uma época”, um filme de assalto ou um drama com toques cômicos e políticos, mas tudo isso junto, uma pequena obra-prima que deu a Al Pacino um de seus melhores papéis e é um dos filmes mais representativos dos anos 70.
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