segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Todo Dia, VI - Divagações

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Quem é você e o que você está fazendo, o que você está fazendo, o que você está fazendo? Quem é você e o que você está fazendo, o que você está fazendo, o que você está fazendo? Quem é você e o que você está fazendo, o que você está fazendo, está fazendo? Quem é você? O que você está fazendo? Quem é você e o que está fazendo?

Três pedras. Uma pra cima. Pra cima que sobe sobe sobe sobe. Uma pra baixo. Pra baixo que desce desce desce desce. Uma pra água que afunda e vibra e gira e dá a volta no mundo e polui os oceanos e macula os rios e transforma as águas em matéria negra e as areias em matéria bruta e dá vida e mata e mistura e faz um caldo pra surgir barro pra surgir lama pra você se arrastar para os seres se arrastarem para todos se arrastarem para se arrastar e dá a volta e vem por trás e te acerta na cabeça te matando num esguicho de sangue. Uma pedra.

Dois livros. Um para ler e um para queimar. Um para ler para abri-lo e seguir suas páginas e página após página seguindo-o e suas letras e suas leituras um livro grande como não sei se existe enorme muito grande mesmo mal dá pra carregar mal consigo vê-lo por inteiro um livro que eu abro e sigo para você abrir e seguir mas é muito grande mal dá pra vê-lo ou carregá-lo e me engole. Um para queimar pequenino assim de bolso como um papel amassado uma nota fiscal já sem serventia que você tira do bolso de trás e joga ao fogo displicentemente assim como se jogasse uma moeda em uma fonte ou para uma criança ou um mendigo você joga o livro pega no bolso de trás e nem olha para ele só joga no fogo e num instante de luz ardente ele pisca e desaparece assim uma faísca tão rápido que mal dá pra ver mas o fogo apaga e sobram cinzas e a chuva molha e o vento sopra e as letras as letras tão negras no fundo branco do papel como no fundo negro das cinzas elas se levantam e se reúnem e vêm rastejantes até onde você dorme e sobem pelos pés da cama e sobem pelos seus pés e seus pés são meus e as letras me envolvem e me agarram e me engolem. Um livro.

Um mundo. Não seremos como os deuses, não somos, não somos mais. A seta flamejante aponta a saída, e cabisbaixos com vergonha vamos andando, sim, de cabeça baixa, nus, devagar, sim, é noite mas quase dia é a hora mágica e vêm os raios e vem o sol e vem a luz e já não é noite. E eu levanto a cabeça e você e levanto os olhos e vejo que Ele, a partir de agora e para todo o sempre, está à nossa frente. Um mundo.

Mas quem é você e o que você está fazendo?
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3 comentários:

João G. Viana/Pudim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João G. Viana/Pudim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Quanta saudade de vc...

Adoro vc mais a cada dia, todo dia..rs

Bjus, Teresa.