Certo, texto lido, texto entendido. Vamos aos fatos: esse texto foi escrito sob os influxos de fatos e pensamentos que creio terem sido devidamente comentados em seu início. O fim de 2006 foi particularmente estressante e cansativo para mim e um belo dia, saindo do banho, me botei a pensar sobre isso. (Aliás, é espantoso o efeito que banhos têm em meus pensamentos. As coisas que nascem debaixo do chuveiro são tão espantosas que eu tenho logo que correr e escrever pra não esquecer.) Logo, a idéia de um texto já estava formada. Sentei no PC, comecei a escrevinhar e, quando aperto "Salvar" eis que surge...m dois textos diferentes.
Sim, pois, fosse num vestibular, minha nota seria consideravelmente diminuída por eu começar no Brasil e terminar no Japão. Ok, não sejamos tão dramáticos. A disparidade não foi tão grande, mas foi suficiente. A primeira metade do textos fala sobre a transformação de uma criança-única, com seu mundo próprio, em um adulto enformado, nos moldes mais ou menos certos de todos os outros. Já a segunda fala sobre a afirmação de um ser-humano em relação à sociedade, de modo a fazer de sua marca indelével, inesquecível. Os dois temas tem similaritudes gritantes, e se entrelaçariam muito bem em mãos mais hábeis, mas nesse caso, continuam sendo dois temas, e todos sabemos que uma dissertação possui "um assunto, um tema e uma tese", ou algo do tipo.
Mas águas passadas não movem moinhos, e moinhos transtornados em gigantes passados não motivam cavaleiros andantes. Logo, vamos ao que interessa: E daí, apesar das falhas, as idéias do texto continuam as mesmas? E a resposta, ouçam bem, é, majoritariamente, não.
Pouco depois de escrever esse texto, fiz uma cagada fenomenal, que no decurso de sua resolução culminou numa conversa com meus pais, que jogou luz sobre alguns pontos discutidos no texto. Basicamente, o meu erro máximo no texto foi desdenhar do valor de certas coisas da vida. Obviamente, a importância que damos à família, aos amigos, ao amor e a outros sentimentos abstratos é algo extremamente pessoal, mas essa discussão não é nem quer ser de imediato um tratado filosófico universal. Sua faceta filosófica está no desenvolvimento do pensamento, e sua faceta universal está no alcance que os grandes temas do Ser Humano - Amor, Morte, Renascimento - têm, mas somente posso esperar que o que digo seja relevante para outros, posto que, como disse Lobato Légio, "cabe ao leitor o papel último de criador do universo literário".
Assim, partindo do meu ponto de vista, acredito agora que uma vida pode ser grande, enorme, simplesmente por cativar as vidas ao seu redor, afinal "Tu te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas", e ser responsável por uma vida sequer, e dar conta desta responsabilidade, é uma tarefa de tão difícil alcance que invariavelmente resulta numa sublime ainda que imperceptível no plano visível transcendência.
Por hoje é só pessoal. Espero voltar a esse assunto mais vezes. Conto com a ajuda e os comentários e as idéias e as opiniões de vocês.
domingo, 16 de dezembro de 2007
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3 comentários:
Que evolução! Essa idéia de que a vida vale a pena apenas por cativar outra vida é emocionante! Li isso num mangá uma vez XD
E eu que pensava ser a única que filosofasse debaixo do chuveiro! É onde aparecem as melhores idéias!
Ótimo texto! =D
Reza a lenda que o bom criador deve sempre jogar sua primeira idéia fora. Dizem isso aos publicitários, aos designers, aos escritores e agora... aos blogueiros. Mundo cruel.
Para que a culpa não consuma quem cria, disse uma vez um arquiteto que agora me foge à memória (recorra ao Google se quiser saber quem era, porque estou com preguiça de fazê-lo): "Um arquiteto não entrega um projeto. Ele o abandona! Se pudesse, faria melhorias a vida toda. Um projeto nunca está acabado, está abandonado e portanto, foi construído."
Acredito que todo escritor, em algum momento, gostaria de reescrever um trecho, um capítulo, uma obra inteira...
Que não seja "Os Lusíadas", ora pois!
é só pensar no micro e no macro
no átomo e no universo.
em uma pessoa e na história da humanidade.
é enlouquecedor, não?
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