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Que desrespeito! Nunca vi maior afronta à dignidade de uma estrela!
Samantha, minha deusa, quis estrelar uma nova série de TV, de uma dessas emissoras cujo nome não significa nada. Colocaram para trabalhar com ela somente atores capazes de suportar seu brilho, embora o criador da série seja um tipinho irrelevante. Deram-lhe destaque e liberdade, e ela estava satisfeita com seu trabalho. Mas, ora, de uma hora para a outra as gravações foram paralisadas, e continuaram exigindo a presença de todo o elenco e equipe!
Esses produtores insignificantes! Quem eles pensam que são? Minha deusa tem mais o que fazer além de participar de uma seriezinha de TV. Ela poderia estar com seus amigos, ou trabalhando em projetos pessoais, ela poderia, ela poderia estar no cinema! Sim, fazendo um filme, gravando seu perfil eternamente no celulóide da minha memória.
Mas não, ao invés disso tem que permanecer cotidianamente ao lado de seres falsos, menores que ela, e suportar o constante adiamento do início de sua personagem, de seu próprio início para aquilo que dura. Prepotentes produtores, quem são eles? Como podem amarrar minha deusa com linhas de contrato ao penhasco de suas próprias ambições?
Não, isso não vai durar, não vai. Não há aves que queiram devorar-lhe o fígado, e os nós logo se afrouxarão. E então minha deusa poderá continuar sua caminhada, ela que carrega o fogo e nos ilumina a todos, titã que caminha por entre rostos minúsculos que inevitavelmente se apagam.
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