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Sempre me pego pensando em como minhas críticas (tanto as literárias quanto as cinematográficas) são mancas, falhas, limitadas. É constante a sensação de que algo está faltando, de que algo me escapa, de que muito do que eu pensei enquanto apreciava a obra não está ali.
Mas também, pudera: uma crítica, comentário, exegese, interpretação de uma obra é nada mais que um ponto de vista sobre uma obra de arte, que a enquadra e limita. Enquanto a obra de arte, por sua vez, é também uma interpretação, um ponto de vista, que enquadra e limita a obra maior: a própria existência.
Mas, assim como uma obra de arte, ao selecionar pedaços da realidade, expande a nossa visão sobre ela, também a crítica faz isso: põe em destaque partes da obra, de modo a permitir uma visão diferenciada sobre a mesma.
As famigeradas adaptações seguem um caminho muito parecido: são um ponto de vista sobre a obra original, que nos influencia a vê-la de determinado jeito. Quando assistimos a um filme adaptado de um livro, inevitavelmente, ao lermos o livro, imaginaremos os atores sendo os personagens, mesmo que em relação a outras coisas possamos pensar diferente.
Assim é com todas essas coisas, embora em níveis diferentes: a crítica, a adaptação, a obra de arte, cada uma delas seleciona pedaços da existência e nos apresenta-os de uma determinada maneira, o que acaba influenciando a nossa visão sobre o mundo. Para expandir nosso entendimento, então, devemos recorrer às mais diversas fontes de visões: se refestelar com obras de arte tanto quanto ver adaptações e ler críticas: assim estaremos enxergando muitos lados da Questão, e nos aproximando de compreendê-La por inteiro.
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