quinta-feira, 5 de junho de 2008

Sem título.

Poesia não é nem nunca foi meu forte. Entretanto, dessa vez não pude resistir. Um surto criativo (demônio ou musa?) se apossou de mim e escrevi esse monte de versos de uma vez só. Por favor, não me peçam métrica, ordem ou rima... como eu falei, sou uma negação pra isso. Mas tentem apreciar a matéria bruta. Nem cheguei a revisar. Pus tudo no "papel" e agora boto aqui. Opinem por favor... nem que seja pra dizer que é a pior coisa sobre a qual já tiveram o desprazer de deitar os olhos. Aliás, seria realmente bom que alguém interessado sugerisse algumas alterações... eu sei lá, sempre há espaço para melhorar algo. Nesse caso, melhorar muito.

Ademais, preciso de uma título. Sugestões?

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Eu preciso do silêncio e do nada.
Preciso das noites ruidosas sem companhia
E das paredes altas e nuas, indiferentes
Ao tiritar dos meus ossos e meus olhos
Como pássaros empalhados e como
Porcos, chafurdando na lama.

Eu preciso da lama, e das esquinas.
E quero as grades se fechando
Enquanto a luz difusa oscila,
Fustigando meus olhos inocentes
Com seus laivos raivosos
De excitação juvenil.

Eu preciso de purgação e de fogo.
De espinhos que me firam a carne
E de remédio que saiba curar
A mácula dos meus pecados antigos,
Das minhas dúvidas primordiais,
Meus dilemas diluvianos.

Eu anseio por uma visão,
Por um sinal, com o qual
Triunfarei sobre todos os
Inimigos da terra e de mim,
Mantendo-os próximos até
A hora final, a hora das horas
Se reunirem e jogarem nas
Mãos do destino a decisão
Sobre as vidas e as mortes
Dos crentes e dos descrentes
Dos certos e dos indecisos
Dos eus e dos outros.

Eu preciso, e quero, te encontrar.
Seja por acaso, seja por obra
De algum artesão de passos,
Que nos esculpa os nossos
Na mais pura matéria da qual
Serão feitos os nossos sonhos.

E que nos esculpa também como colossos,
Nos dê envergadura própria de gigantes
E um ar e nobreza daqueles dos titãs.
Que nos diga que seríamos como os deuses,
Se não fôssemos tão humanos e tão mortais.
Como nunca houve nem haverá jamais.

E assim, brilhantes eternos e imortais,
Ascenderemos aos céus, envoltos
Por hostes sem número de anjos e fadas.
E seu véu será levado por miríades de ninfas,
E nossa carruagem será levada por
Cavalos flamívomos octópodes.

E nossa voz será o trovão, e nosso
Beijo o a concepção de mundos.
E nossos olhos se apertarão de espanto
E as mãos se abrirão de medo,
E o que era doce então se apagará,
E o fogo da memória futura já não será mais.

E seremos dragões, dragões alados
Com a luz do sol coroados
Pela espada de reis abençoados
E talvez percorramos juntos os ares imprecisos
E talvez mergulhemos juntos no mar bravio
E nadaremos, e ao frio mais estático desceremos
Continuando a nos fechar e morrer
Até afundarmos no lodo das profundezas.

5 comentários:

Juka disse...

eu fui ler, por algum motivo, 'Uma certa Paranóia' e vi a introdução comentando sobre ninguém ter comentado o poema (post anterior).
Nao resisti... tive que ler o poema E comentar.
Eu gostei, por mais que vc tenha dito nao ser o seu forte.
Está muito bom, está muito 'Tuma'.
Se me mostrassem e dissessem que é de um amigo meu, eu saberia que é seu. Só nao me pergunte o motivo.

Bom, é isso (:
agora o seu poema tem um comentário - que por sinal ficou enorme!

Beijo!

Virginia disse...

Puxa, que lindo. Eu tava na net procurando um filme que vi no anima mundi, sobre uma trapezista presa em um circo especial (não acho o lindo filme em stop motion. acho que vi em 2005 ou 2006, ninguém lembra desse tão belo desenho...) e me deparei com o seu poema. Combinação de palavras no google me levaram ao seu poema: "trapezista+desenho+preto e branco+anima mundi". Como são as coisas. Estranhas.

Beom, nem tenho palavras, achei maravilhoso mesmo, música em forma de poesia. Tem som esse poema, lindo lindo. Posso copiar e guardar? Se puder, ficarei muito grata. Dou minha palavra que conservo os créditos. Grata por alguns momentos de catarse... Virginia.

Virginia disse...

Puxa, que lindo. Eu tava na net procurando um filme que vi no Anima Mundi, sobre uma trapezista presa em um circo especial (não acho o lindo filme em stop motion. acho que vi em 2005 ou 2006, ninguém lembra desse tão belo desenho...) e me deparei com o seu poema. Combinação de palavras no google me levaram ao seu texto: "trapezista+desenho+preto e branco+anima mundi". Como são as coisas. Estranhas.

Bom, nem tenho palavras, achei maravilhoso mesmo, música em forma de poesia. Tem som esse poema, lindo lindo. Posso copiar e guardar? Se puder, ficarei muito grata. Dou minha palavra que conservo os créditos. De novo, grata por alguns momentos de catarse... Virginia.

Tuma disse...

Fique a vontade Virginia, obrigado pelo comentário.

João G. Viana/Pudim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.