terça-feira, 11 de outubro de 2011

Todo Dia, XXI - Poesia

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outrobro

E se a vida
fosse uma longa tarde,
lânguida e quente,
em que os corpos se comprazessem
na solidão?

E se um outro outubro
fosse possível, quando
eu não ficaria sozinho,
quando não seria
outono a primavera?

E se o meu coração não fosse
um território desabitado,
sete palmos de terra fofa,
uma caverna vazia, aonde
os sentimentos vão
para morrer?

menos dor, mais amor

Acho que eu não nasci para ser amado,
somente para amar, sempre demais,
rápido demais, ansiando demasiadamente.
Me entrego com risco sempre calculado,
mas nunca previsto, em busca de algo que,
quando encontro, parece ser tudo que há
para encontrar, e quando perco
parece não ter sido
o suficiente.
Preferiria sofrer depois, pela falta súbita,
que ser sempre a parte prejudicada
pelo aborto dos sentimentos.
Mas será mesmo que eu não nasci pra ser amado?
e sim só para a poesia ruim
e o frio, desesperado encanto
da solidão?
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