sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Todo Dia, XX - Poesia

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tradução pastoril


Sob a sombra da figueira, o poeta descansa,
Canta a vida, o amor, a morte,
Tange a lira, dedos tesos, se cansa,
Encanta-o a tarde...
Sobre os morros balem carneiros, andam duros;
Seus gemidos roucos, estridentes, ecoam pelo vale.
Os cascos batem na rocha, os sinos mugem.
Tudo vai, suave; um fauno leva as coisas pela mão.
No céu há as nuvens lanudas, o vento.
O mundo é o palco de seus versos sussurrados.
Tu, e também tu, não pensam nele nesse instante.
Mas ele pensa em ti, e uma sombra passa
por seu rosto iluminado.
O poeta toca e lança sua pergunta
Melodiosa aos carneiros: “Onde estás, minha Marília,
Que não te vejo pelas plagas?”
Ele toca e, saudoso, adormece, preocupado,
Vendo os carneiros indo embora, as nuvens indo embora,
O vento indo embora, o sol sumindo entre as colinas.
Pergunta por ti e vai-se, enquanto vós,
ó Marília, ó Títiro, enquanto vós
Vos amais, amenos, entre as folhas das figueiras.
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