"Quando você sonha, algumas vezes você se lembra. Quando você acorda você sempre esquece."
-Neil Gaiman
__________________________
Sete homens perseguindo um arminho no ar abafado da manhã. Ele ali, num corpo de mocinha, olhando através da janela, o ar pesado, abafado e úmido. Dentro da casa, para além das cortinas escuras, era sempre assim. Sempre aquele ar pesado, abafado e úmido, um crepúsculo eterno.
Encontrou-se emergindo das divagações estuporantes, meio ofuscado por um rabo de sol que cruzava toda a sala vindo da janela. Demorou alguns segundos para tomar consciência de seu estado. Como frequentemente acontece quando se acorda de um sono pesado, inesperado e irresistível, assustou-se, abrindo os olhos de uma só vez e ofuscando-se ainda mais.
O chão ladrilhado era só um borrão negro, mas pouco a pouco pôde discernir a poeira que se acumulava aos pés da mesa logo a frente, e finalmente a própria mesa. Suspirando, deixou-se esparramar sobre a poltrona de camurça puída, e fechou mais uma vez os olhos.
Um ruído o despertou definitivamente. Era o Anfitrião, que vinha descendo a escada acompanhada de uma turba de seres estranhos. Os homúnculos debandaram pela sala e fecharam todas as cortinas, criando no ambiente um curioso clima lusco-fusco. Sem tomar nota da presença de Monami, a Anfitriã se dirigiu à base da escada, parando justamente em frente ao buraco por onde o moço entrara algumas horas antes. Onde antes era só parede cinza madeira marrom leve amarelo pele, porém, agora havia um espelho.
Tirando dos bolsos então uma chave, longa e fina, o Anfitrião estendeu o braço e alocou-a em um buraco na moldura do espelho. Girou a chave, e houve um clic. Ele então a retirou e se afastou alguns passos. O espelho pareceu por um instante derreter, mas logo, com outro clic, girou para fora, revelando uma passagem. Do buraco escuro, saiu o mais estranho agrupamento de seres que Meuamigo jamais vira.
Um comentário:
http://sibillaliantasse.blogspot.com/search/label/Um%20Conto%20de%20Duas%20Pessoas
Postar um comentário