quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Série - S01E08

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MiNHA DEUsa, estrela solitária de todas as telas, quer as de cinema quer as da televisão, única real virtude de todo o exército de rostos e corpos e pérfidos artifícios, único ser verdadeiro deles todos.

Conheço a história de sua vida parte por parte, não porque ela foi esmiuçada em “Flor de Verão”, sua primeira biografia, que a tratou bem mas não conseguiu expressar sua Verdade; não pelas falsas acusações contra ela empreendidas em sua segunda biografia, “Estrela Opaca”, cujo venenoso autor tem vendido até a alma para pagar as indenizações por danos morais a minha deusa; nem mesmo pela autobiografia que ela com tanta bondade escreveu, “Samantha Simplesmente”, cujos francos depoimentos desmentem todas as acusações do outro livreco insidioso; mas tão somente porque a história de Samantha Sugarcane está impressa em cada frame projetado pelo homem da sala iluminada sobre a tela branca, para o deleite dos mortais que se alinham para vê-lA nas poltronas da sala escura.

O rosto dEla transparece o que ela é, seus gestos exprimem verdades indizíveis, sua voz sussurra segredos sagrados.

Eu a vejo nas fotos das revistas de celebridades, cujo papel pobre e má impressão não fazem jus à sua beleza (e quão perigosas são essas revistas, cheias de boatos e mentiras!).

Eu a vejo na telinha da televisão, nas entrevistas generosas que ela concede para os repórteres de programas de fofocas, nos programas de auditório que ela tão assiduamente freqüenta, para o deleite de seus adoradores, nas séries, minisséries, novelas e telefilmes em que ela atua, tão francamente sendo ela mesma por meio de ser sua personagem.

Eu a vejo ao vivo, olhos nos olhos, sempre que possível. Me meto no meio de seus outros fiéis, estendo os braços, grito, e frequentemente a toco, num momento de êxtase. Ela emite um brilho suave natural, e já tenho centenas de autógrafos com sua letra.

Eu a vejo, e ai, não há maior êxtase que esse, nem momento mais sublime e indizível, na grande tela do cinema. A música ambiente para, as luzes se apagam, os créditos rolam desinteressantes, paisagens, rostos, e então ela surge, em toda sua glória, uma visão divina, uma rosa flamejante enorme sorrindo para mim, seu perfeito rosto aumentado impossivelmente até ocupar toda a tela.

Minha deusa, como eu te desejo e adoro! Espero um dia poder provar do seu melaço.
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Um comentário:

João G. Viana/Pudim disse...
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