.
Vou criar um novo movimento, a estética do fragmento, baseado nas obras de Eliot, Cortázar e Perec, e nas Mil e Uma Noites. Nosso lema será “Bons artistas copiam, grandes artistas roubam.”, proferida no passado incerto por Pablo Picasso, portanto fundador avant la lettre do movimento. Se houver qualquer coisa, dentre os nosso escritos, que se aproxime de uma unidade total, pretendida, não baseada na multiplicidade caótica das formas, ela será apagada, destroçada, desmembrada em mil pedaços e depois enfiada nos cantos mais inadequados de tudo quanto nos for soprado pelas musas invisíveis. Esse movimento não terá dono, nem nome adequado, cada um o chamará como achar conveniente. Muitos dirão a arte dos pilantras, alguns o ofício dos não-criativos, outros ainda ourivesaria de destroços, mas se foi em fragmentos que TS escorou suas ruínas, tudo é ruína, o mundo é ruína, e não olhamos para o futuro sobre os ombros de gigantes, mas sobre o empilhamento dos destroços de nossos antepassados.
Vejo agora pois à minha frente os dias de glória, recebidos com serenidade e têmpera pelo meu temperamento temperado. Três, quatro dias de supremo ócio, ainda que as preocupações do futuro – sempre incerto – ainda se abatam, de leve, sobre mim. Verei as sombras elétricas, os espectros coloridos dos mortos, vivendo histórias que não as deles, usando vozes que não as suas, somente a aparência igual, quase igual na verdade, desde aquele instante e para sempre perdida, posto que no seguinte momento já se tem outra.
.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Postar um comentário